quarta-feira, 25 de julho de 2012

Parto só no hospital. E sem a sua doula.


Depois de tentar fechar a Casa de Parto David Capistrano Filho em 2009 e, mais recentemente, tentar uma retaliação ao médico paulista Jorge Kuhn por ter emitido em rede nacional o apoio ao parto domiciliar  e , deste modo, incentivarem a linda Marcha pelo Parto em Casa  o CREMERJ lançou semana passada duas novas resoluções que dispõem sobre a assistência ao parto.

As resoluções 265 e 266/12 do CREMERJ desceram mal na garganta de muitas mulheres.

Nelas o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro deixa claro, entre outras coisas, que o parto é um evento exclusivamente hospitalar, onde apenas o médico está capacitado para dar a assistência necessária e decidir quem pode estar presente neste momento único de nossas vidas.

Dizendo pensar no nosso bem-estar e de nossos filhos, eles deixam claro que o parto é tão seguro como uma bomba relógio e que a única assistência coerente para quem não quer se “arriscar” é estar com um médico , dentro de um hospital e envolta de equipamentos.

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O CREMERJ proibiu qualquer participação médica no SEU parto domiciliar:
Enumerando riscos e responsabilidades com o bem-estar da sociedade, o CREMERJ VETA qualquer participação médica em partos domiciliares, casas de parto, assistência imediata a neonatos nascidos em domicilio. Eles ainda estimulam o “denuncismo” dentro de sua própria classe, tal qual na ditadura, com o intuito de que nenhum médico tente burlar as suas resoluções.

Não, eles não propõem a omissão de socorro em caso de urgências/emergências, mas, ao impedirem a atuação de médicos como backups de partos domiciliares ou realizados em casas de parto (sim, ainda temos uma aqui no Rio de Janeiro, embora vira e mexe eles tentem fechá-la!), acredito que para estimularem a omissão de socorro falta pouco.

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Além de deliberarem sobre a atuação dos médicos de forma tão arbitral e nada baseada em evidências, fazendo o jogo baixo do terrorismo e denuncismo, eles resolveram, agora, deixar ainda mais claro que no parto mandam eles, e SÓ eles!
Isso mesmo: O CREMERJ proibiu a participação de doulas, obstetrizes e parteiras no SEU parto:

Dentro de suas deliberações, o CREMERJ institui o parto como um evento puramente médico-hospitalar, dá as costas para a medicina baseada em evidências e impõe que os partos de baixo risco sejam realizados exclusivamente em ambientes hospitalares e que, desta forma, só cabem aos médicos deliberarem quem pode estar presente nele.

Neste “saco de gato”, o CREMERJ coloca as Doulas, Obstetrizes, Parteiras e “etc” como personas non gratas dentro do ambiente hospitalar e impedidas de prestarem assistência à mulher - seja técnica, seja emocional.

Com a “desculpa” de pensar no que é melhor para VOCÊ, o CREMERJ mais uma vez tutela as mulheres e decide como deve ser o SEU parto.

Não se surpreenda, amiga, se você entrar para os 89% das mulheres cesareadas do Brasil. Lembre-se: o CREMERJ sabe o que fazer no SEU parto e está apenas pensando no seu bem-estar, mãezinha...

Agora, se você deseja retomar o protagonismo do seu parto, da sua vida, não fique aí sentada!

Você pode assinar a esta petição pública.

E pode se unir à Marcha pelo Parto Humanizado e mostrar para eles que estamos bem informadas, sabemos parir e temos o direito de escolher quem bem entendermos para nos prestar assistência no NOSSO parto! 


E você, querido médico, que fala abertamente que “adoraria” participar da equipe de parto domiciliar como backup, gostaria de poder dar assistência aos neonatos em domicilio após o parto, discorda das deliberações do CREMERJ quanto aos riscos intrínsecos do parto, quanto as possibilidades de assistência técnica, quanto ao trabalho das doulas... Lembre-se, o conselho também fala por você. Participe das reuniões, dos conselhos deliberativos, das eleições, mexa-se! Você também é parte importante desta engrenagem!


Gabriela Prado, psicóloga, doula do Núcleo Carioca de Doulas e mãe de dois, que nasceram em casa com enfermeira, mas tendo obstetra e pediatra de backup !!!!

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